20111026

…Foi quando estávamos cansados e parámos para fumar um cigarro.
Estar sozinho não é estar rodeado de pessoas.
Que estupidez, claro que não é!
Pode ser, não sabes.
Que estás a dizer?!
Sinto-me sozinho quando tenho muitas pessoas à minha volta
 E quando não me sinto sozinho é quando mais quero isolar-me.
Também eu.
Vamos fugir.
Sim.

20111016

Partidas da memória I

Quando a papeira assolou o pescoço.
Quando a parelha foi posta sobre a cabeça.
Não queria ter que levar o carro de bois comigo mas por momentos tive medo que aquele inchaço fosse o primeiro passo para a metamorfose.
Que fiz eu para me tornar um boi?

A reza ecoava entre três cuspidelas em bocados de carvão.
“Bicho, bichão.
Aranha, aranhão.”
“Scope, scope.”
Ainda bem que a reza funcionou. Deus assim quis.


Foi enquanto o sal se atirava para trás
Em direcção ao rio.
O nevoeiro subia e levava com ele as aftas.

20111014

Como recomeçar?
Antes de mais é preciso apagar o passado. þ
Pensar num novo título, reformar o layout. þ
As cores parecem-me bem. O tipo de letra também. O que vai ser escrito? Batem-se os dedos sequencialmente ao lado do touchpad para ajudar a pensar. O som parece o de cavalos a galope. Já vi isto num filme.
Olha-se para o bloco. “Ex-blog Somnium – Narcolepsia Ambulante (palavras narcolépticas/ ininteligíveis/ indecifráveis que alguns chamam de poesia.)”
Não é poesia. Ai de quem chamar isto de poesia! Deve ser amaldiçoado três vezes e cagar merdeira para o resto da vida.
Vão ser só palavras soltas. Começam os sons onomatopeicos. Parece bem? Hmm, está ridículo mas não há paciência para reeditar, só preguiça para escrever.
O que é aquilo entre o cão e a galinha esquisita? Sei lá. Saiu assim, meio anão, meio qualquer coisa. Aquilo nem é bem uma galinha, começou por ser uma cara risonha. Deve ser o meu complexo de génio a funcionar.
Vai mesmo assim. Que se foda. Logo se vê! Em último recurso pode sempre voltar a apagar-se e recomeçar. Lá vem o sono.